Recebi há uns dias uma carta de um casal amigo. Eles estão em África a trabalhar com a população local. Conheci-os na faculdade e embora não estivessem casados na altura, estavam destinados a tal.
Estava eu a escrever uma carta de volta e como o correio funciona de maneira lenta, não nos falavamos desde que eles se mudaram para lá, estava a mete-los ao corrente de tudo o que se tem passado ultimamente na nossa vida.
Enquanto escrevia, lembrei-me de momentos muito bons que vivemos a jogar jogos tarde na noite, a comer uns petiscos divinais e as nossas conversas. Em especial, lembrei-me de uma conversa que tivemos depois do meu amigo ter feito uma vasectomia antes de se casar. Na altura fiquei mesmo espantado com aquela decisão deles, de não quererem ter filhos biológicos, apesar de ter conhecimento do que ele pensava acerca de haver demasiadas pessoas no mundo.
Depois de ter acabado de escrever a carte, reflecti um pouco acerca da minha perspectiva do mundo e tentei pensar pela visão do meu amigo. Cheguei à conclusão que embora ele fosse ficar solidário com a nossa desilusão de não conseguirmos conceber uma criança, tenho a certeza que ele não iria "apoiar" um tratamento médico. Pois, se o objectivo é manter uma população sustentável, fará assim tanto sentido trazer outra pessoa ao mundo? Ou gastar tanto dinheiro a perseguir esse objectivo quando esse dinheiro podia ser usado a melhorar a vida de outras pessoas, nomeadamente uma criança que viesse a ser adoptada?
Parece-me que se tirarmos o ego da equação (significando: um total abandono da ideia de filhos biológicos) a adopção é a coisa mais certa de se fazer.
Mas será que é o mais certo para nós?