quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

O que penso em relação à intervenção médica

Tenho pensado bastante neste tema. Queria tentar meter a cabeça em ordem antes de passar para o "papel".
Não vou tentar falar pela T. porque ela tem as suas próprias opiniões e tentamos comunicar para nos percebermos um ao outro. Não sou contra nenhuma intervenção medica. Não tenho uma religião ou uma linha moral/ etica que exclua a ajuda medica no processo de construção da nossa familia.
Então, o que sinto eu sobre isto? Acho que o melhor que posso dizer é que sou conservador. Quero ter o cuidado de não embarcar em nenhum tratamento sem me sentir preprado. Preparado significa estar ciente de todos os riscos e beneficios e ter um plano para lidar com todo e qualquer problema que possa surgir. Também acredito em dar passos pequenos, em vez de passos de gigante.
Como há a chance da T. engravidar de maneira natural, sinto que devemos continuar por esta via durante algum tempo. Não tenho problemas em admitir que me assusta um pouco todas as mudanças de humor que podem surgir com os medicamentos que a T. eventualmente tenha de tomar (a T. tem muitas mudanças de humor já por si só e apesar de a amar muito, por vezes fica complicado lidar com tudo.).
Se necessário exploraremos todas as hipoteses que temos para explorar mas se falharem não sei bem o que vamos fazer por isso parece-me melhor pensarmos muito bem sobre isto tudo. E há sempre a adopção, não é o meu metodo de construção de uma familia preferido mas não tenho qualquer problema com esta hipotese.
Isto é o que eu sinto sobre os tratamentos médicos neste momento. No entanto, tenho a certeza que se daqui a um ano voltar a escrever sobre isto, já pensarei de modo diferente.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Pensamentos

Tenho parado muitas vezes para pensar em tudo o que temos vindo a experienciar na nossa busca pela concretização do sonho de termos um filho. Tenho por vezes o pensamento: Será que toda esta luta para termos um filho é parte de uma plano superior? Talvez haja alguma razão para o eu não poder procriar com facilidade. Algo talvez nos meus genes que não deva ser passado para as proximas geraçoes. Algo de que as gerações futuras precisem de ser protegidas.
Que caracteristica misteriosa pode ser? Pode ser qualquer uma das minhas caracteristicas fisicas.
E se não for uma caracteristica fisica mas sim uma comportamental?
Ou pior, se for algo que eu não tenho sequer conhecimento de que exista?
Mas e se for verdade e eu não estiver mesmo destinado a procriar? O que devo fazer em relação a isso? Devo sentir pena de mim mesmo? Não importa quantas vidas venha a tocar enquanto estou vivo, posso vir a não ser capaz de deixar a maior marca de todas? Ou devo cerrar o punho com raiva e jurar fazer o que for para bater a natureza?

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Ida ao médico

E hoje, fomos à tão aguardada consulta médica. Os resultados: todos os resultados das analises da T. deram normais (Yay!). Os meus foram os que já sabiamos. A conclusão do médico: tratar-me é escusado e deviamos passar já para a IIU com ideias já na FIV.

O problema agora é decidir se queremos ou não ir por esta via.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Culpado até prova... fertil?

Tem sido um longo dia... Continuo à espera da consulta de amanhã. Mas a minha tristeza foi substituida por algo diferente. Passei algumas horas a contemplar se me devo sentir culpado ou não. Na minha cabeça sei que não devia, mas isso por si só não me absolve.

Não me absolve porque tomei outras decisões. Tais como esperarmos 4 anos até decidirmos ter filhos. Ter aceitado um trabalho stressant e ter tomado medicamentos para combater a ansiedade e depressão. Qualquer uma, ou todas, estas decisões podem ter tido impacto no meu esperma.

Tomei aquelas decisões por razões que na altura pareciam as correctas mas como o nosso problema de fertilidade é na realidade o meu problema de fertilidade, não consigo deixar de pensar se as coisas não seriam diferentes se tivesse feito as coisas de maneira diferente.

Vamos ver o que o medico diz amanhã.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

É sempre triste quando chove...

Ontem recebemos um telefonema do medico. O objectivo do telefonema: dizer-nos que que para além da contagem e mobilidade serem baixas, a morfologia também não é normal. Foi esta ultima noticia que foi um golpe duro de digerir. Já sabia que a contagem e mobilidade eram relativamente baixas mas o primeiro medico a que fomos disse-nos que já tinham visto contagens mais baixas que deram origem a uma gravidez e que não me devia preocupar muito, ainda. Mas as outras análises ao esperma tinham a nota no fim "morfologia normal". Não sei se as coisas pioraram desde lá ou se nos outros laboratórios se enganaram. De qualquer das formas, deixa-me triste.
Resta-me pensar nisto até à proxima consulta.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Bem... voltei da análise. Antes de continuar... Por muito desconfortável/ estranho/ duro que seja para mim, sei que é muito pior para a T. e para todas as mulheres que se submetem a testes de fertilidade e aos tratamentos.
Contrariamente ao que alguns possam dizer, deixem-me que vos diga que, o processo não é nada divertido. Chegamos lá, esperamos e sabemos que toda a gente sabe o que vamos fazer dentro de momentos ( sei que são todos profissionais, mas mesmo assim...). Depois vamos para uma salinha e desta vez era melhor que a anterior porque tinha uma cadeira.
Como disse antes, não é nada divertido porque tudo o que se consegue pensar é em coisas do estilo:

Quão limpo é este sitio?
Porque está tanto frio aqui?
A tranca da porta funcionará realmente?
E se entorno?
Porque é que está a demorar tanto tempo?
E se não conseguem ler a minha letra e trocam as amostras?
Será que isto é suficiente?
Porque é que o copinho da amostra é tão grande?
Mal posso esperar para me ir embora daqui...
Parece esquisito num copo. Será que é suposto ser assim?
Espero que isto seja suficiente...

Bom, daqui a 5-7 dias, saberei.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Nervosismo

Estou um pouco nervoso com a perspectiva do dia de amanhã. O dia da analise ao esperma. Parte disto porque uma casa de banho num hospital pode fazer muito por alguns mas por mim não faz nada. Mas a causa principal do nervosismo é o pensamento recorrente… Talvez estes testes venham mostrar que o problema é todo meu.

sábado, 3 de fevereiro de 2007

Aquela altura do mes

Ontem foi o começo “daquela altura do mês”. Toda a gente sabe o que isso significa: a mulher fica menstruada e passa por todo o tipo de desconforto fisico e emocional. Não é algo que a maioria das mulheres goste particularmente mas lidam com isso. Os homens, tipicamente, tentam negar e/ou sair da montanha russa de emoções.

Mas ao longo do ultimo ano “aquela altura do mês” passou a significar algo muito diferente para mim: cerca de duas semanas depois, o momento do pico da fertilidade. Estou maravilhado com a precisão com que esta janela pode ser determinada.

Como queremos muito os dois ter filhos, sinto-me entusiasmado com a possibilidade que temos de ter esta precisão. Mas o conhecimento desta altura do mês também nos coloca alguns conflitos. Quando me arrasto para a cama, contente com a perspectiva de ir dormir umas boas 7 horas de sono e a minha mulher me diz: Agora. Tentamos mas foi literalmente adormecer a meio do trabalho. O que é mau para toda a gente. É um abalo à minha “masculinidade”, é um desanimo e significa que temos de tentar de novo nas proximas 24 horas.

Não me interpretem mal. Continua a ser divertido. E é bom. Mas é mais forçado e logo, exige mais esforço.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Bem vindos

Bem vindos ao “Talvez um dia…”. Ocorreu-me começar este blog numa noite em que a minha mulher e eu tivemos uma discussão particularmente acesa acerca de um assunto bastante complexo: a nossa infertilidade. Estávamos mais especificamente a falar de emoções e a minha aparente falta delas. Depois de te ter ficado acordado até tarde e ter ouvido que estou “fora das linhas e não a fazer parte da equipa” e que “até decidir o que realmente quero”não podemos continuar a tentar ter filhos, senti-me a precisar de uma especie de escape.

Tenho certeza que vou encher estas páginas com detalhes mas por agora deixem-me que vos diga: um dos grandes desafios que enfretamos é não sabermos porque razão não conseguimos ter filhos. Há cerca de 18 meses que tentamos. Já fiz 3 análises ao semen, análises ao sangue e um exame urológico. A minha mulher já fez análises ao sangue e um exame cervical.

A minha mulher não é grande amiga da internet. Tentei que ela se juntasse a grupos direccionados a pessoas que sofrem de infertilidade mas ela não está mesmo nada interessada nisso. Sente que isso só a vai deixar ainda mais deprimida.

Tirando páginas médicas, não há muitas páginas de homens que lidam com o mesmo problema (se há, avisem-me sff).

É para todos que passam por todos os problemas e questões que eu estou a passar. Para todos os que querem realmente ter filhos e que tentam apoiar a sua mulher mas que estão a achar isso dificil. Se quiserem partilhar a vossa experiência comigo, seria optimo.